Clima para amanhã em Aracaju, SE

Previsão do tempo para amanhã e para os próximos 5 dias


Clima em Aracaju

Aracaju, capital do estado de Sergipe, no Brasil, possui um clima tropical úmido, caracterizado por temperaturas elevadas ao longo do ano e uma estação chuvosa bem definida. Abaixo estão algumas características típicas do clima em Aracaju:

Temperatura: Aracaju tem temperaturas elevadas durante a maior parte do ano. As médias mensais geralmente variam de 24 a 30 graus Celsius. O verão é a estação mais quente, enquanto o inverno é mais ameno.

Estação Chuvosa: A estação chuvosa ocorre principalmente entre os meses de abril e julho. Durante esse período, a cidade experimenta chuvas mais intensas. No restante do ano, as chuvas são mais espaçadas.

Umidade: A umidade relativa do ar costuma ser elevada na maior parte do ano, especialmente durante a estação chuvosa. Isso é comum em climas tropicais.

Ventos: Aracaju pode experimentar ventos moderados ao longo do ano. No entanto, a cidade não está sujeita a eventos meteorológicos extremos, como furacões.

Lembre-se de que essas são características gerais e as condições climáticas específicas podem variar de ano para ano.

A Geografia de Aracaju

Aracaju está localizado na região Nordeste do Brasil. Abaixo estão algumas características da geografia da cidade:

  • Localização: Aracaju está situada na costa leste do Brasil, às margens do Oceano Atlântico. A cidade é cortada pelo rio Sergipe, que deságua no mar.
  • Topografia: A topografia de Aracaju é predominantemente plana, com altitudes médias em torno de poucos metros acima do nível do mar. Essa característica facilita o desenvolvimento urbano e a expansão da cidade.
  • Hidrografia: Além do rio Sergipe, a região é marcada por outros corpos d'água, como riachos e pequenos afluentes. A proximidade com o oceano também desempenha um papel importante na geografia da cidade.
  • Clima: A geografia de Aracaju é influenciada pelo clima tropical úmido, com temperaturas elevadas e uma estação chuvosa bem definida. A vegetação predominante na região é a Mata Atlântica, embora o avanço urbano tenha modificado significativamente a paisagem natural ao longo dos anos.
  • Desenvolvimento Urbano: Aracaju é uma cidade em crescimento, com uma infraestrutura urbana em constante evolução. A área metropolitana da cidade se estende por diferentes bairros, e a região costeira é frequentemente utilizada para atividades recreativas e turísticas.

Essas são características gerais da geografia de Aracaju, e detalhes específicos podem variar dependendo da região da cidade.

Aracaju, Cidade-Síntese

Àrea de Aracaju: 176 km²;

Limites: Cidade de Socorro (Se) - No e 0; Oceano Altântico, Cidade de Barra dos Coqueiros (Se) - L; Cidade de São Cristovão (Se) - S;

Altitude: 2 m;

Distância de Brasília: 1.737 km²

Já se disse que falar de uma cidade é sempre falar de sonhos. A cidade atrai, aglomera, desafia, recria-se, concentra milhares (às vezes milhões) de histórias, é sempre um espaço feito de encontros, expectativas. Aracaju, antes mesmo de ser realidade existiu como sonho. É a nossa primeira "cidade de planejador", foi um projeto antes de o ser, a cidade ideal na concepção do engenheiro Pirro. Desde o sonho matricial, toda a sua trajetória tem esta marca- o que a constitui é um conjunto de sonhos.

Pensar a cidade de Sergipe sob esta perspectiva é principalmente pensar que impressões a cidade provoca, que expectativas é ela capaz de gerar. Que cidade povoa nossas fantasias? São os migrantes do interior que vão constituir a população de Arcaju, em crescimento vertiginoso a partir de fins do século passado. Se o sergipano é considerado um migrante- e isto o mostram os geógrafos- Aracaju interceptou a corrente migratória que se dirigia a São Paulo, ao Espírito Santo, sul da Bahia ou à região amazônica. Passou a ser a opção pra o sergipano obrigado a migrar, mas que não quis abandonar a sua terra.Da população original trazida quase à força foi se perdendo a memória; Aracaju passou a ser depositária de esperança.

Houuve e há certamente de tudo nos projetos dos que vêm. Desde aqueles que vieram para acercar-se das rodas do poder, dos que foram obrigados a vir por decreto, ou dos que procuraram oportunidades de trabalho, estudo, tratamento, moradia, dos que buscam a vizinhança do mar, muitos sonhos se construíram forjando aquilo que constitui a história da cidade. Era comum em dias do passado, crianças que brincavam cantando uma musiquinha que fala destes: "marinete nova, que pneu azul, quando for me leve, para Aracaju...".

Parece que eu mesma me ouvindo cantar a velha música, quando penso nas imagens do meu primeiro contato com a cidade. Descrevi-as quando discurssei na Câmara dos vereadores, agradecendo o título de cidade aracajuana. Falei da sensação de deslumbramento que eu descobri estar muita clara na minha memória, da visão noturna do Parque, a primeira imagem que guardo de Aracaju. Um anúncio luminoso na fachada das sorveterias Iara e Primavera gravou o seu brilho em azul na mente da menina de quatro anos. Como eu disse ali, a Aracaju dos meus sonhos é esta de um primeiro contato com um artefato urbano da modernidade - o neón, e o parque composto do arvoredo ainda espesso, a estátua do padre Olímpio Campos, a visão magestosa da Catedral... A esta imagem sucederiam as sensações de viver um novo tempo e um novo espaço, nem sempre agradável e livre como aquele de que desfrutava na minha cidade de origem, o Riachão. Aos poucos, tudo ia se transformando num sentimento de admiração pela cidade que crescia, num sentido de pertencimento que virou amou e que me faz, da minha parte, projetar tantas vezes a mesma cidade, quando estudo a sua história, quando vsiito os arquivos e um ou outro material me apaixona.

Não importa aqui discutir se a capital sergipana sempre correspondeu a tantos sonhos. É claro que também há temores, decpções, frustações. Nem assinalo aqui o quanto ela pode ser impiedosa com alguns, derrotando a tantos desejos...Importava ver o quanto isto é vida, cuja referência é esta cidade-síntese: de ilusões, de dislusões, as mais sergipanas, e ver que ela pode melhor se o seu projeto atual levar em conta isto que ela representa.

Porto não foi único motivo para mudança

A capital de Sergipe em 17 de março de 1855, pela Resolução Estadual n.413 deixava de ser a antiga cidade de São Cristovão para situar-se nas praias do Aracaju, perto da foz do Rio Sergipe, numa região inóspita, cheia de pântanos, lagoas, dunas, sob protestos da população da São Cristovão.

Como entender tremenda subversão impressa a uma ordem existente há anos na sociedade sergipana? Que interesses existiram por trás dos protagonistas de tal decisão? Respostas a essas perguntas foram apresentadas por muitos pesquisadores sergipanos, entre os quais destacamos Manoel dos Passos, Enoque Santiago, José Calasans e Fernando Porto. Os mais recentes pesquisadores que de uma forma ou de outra "falaram" da transferência da capital sergipana, trilharam na visão dos antereriores citados.

Todos os pesquisadores são unâmines em nos chamar atenção particularmente para a explicação econômica e geográfica do fato ocorrido em 1855. Geograficamente Aracaju estava próxima à mais poderosa região enconômica da Província: a Cotinguiba, esta região centro da economia açucareira sergipana, padecia de problemas de escoamento do produto pela falta de um porto. A antiga capital não oferecia perspectivas de responder a tal necessidade, tendo em vista sua situação geográfica, que dificultava a instalação de um porto, além da distância em relação à região de Cotinguiba. Em favor de Aracaju, pesou o fato de que as águas do Rio Sergipe, mais profundas e seus largo estuário, tornava a nevegação mais fácil e segura.

Sobre o aspecto da necessidade de um porto, é que se explica o ocorrido em 17 de março de 1855, por intermédio do Presidente da Província na ocasião, Inácio Joaquim Barbosa. Nesse entender, as praias do Aracaju abrigariam a nova Capital de Sergipe, tendo-se garantida, em futuro próximo, a presença do porto para atender ao escoamento da produção.

Essas explicações bastariam para explicar a mudança da capital? Não houve outras razões? Creio que é preciso acrescentar novos dados a esta discussão. Determiando historiador envolvido com a Nova História, utilizando a tendência da Nova História Cultural ou da História "Vista de Baixo", certamente faria outra abordagem.

É preciso pois, perceber a mudança da capital também numa outra perspectiva. O interesse do surgimento de uma nova Capital em Sergipe, há que ser analisado a partir da cultura na época. A explicação geográfica e econômica há que ser complementada pelos estudos das mentalidades vigentes.

Relendo artigos e outras fontes sobre o período, percebi que existia presente na mentalidade de um grupo inovador da elite politica sergipana, a perspectiva de um futuro melhor para a Província, um certo projeto de modernização.

Outros docunentos mostram também, entre outras coisas, a presença de uma certa crítica, a situação da capital pelo seu aspecto urbanísitico e relativamente ao marasmo em que ela vivia. Tanto a visão de um futuro melhor para Sergipe como a crítica feita a São Cristovão enquanto Capital da província na ocasião, estão inseridos num mesmo processo. É preciso perceber que fazia parte da mentalidade de uma parcela da elite sergupana o rompimento com o passado colonial e a necessidade de prepar um futuro melhor para a Província.

Ocorria um certo desprezo por São Cristovão. Suas ruas tortas, estreitas, com algumas ladeiras, eram a herança viva de um passado que não combinaria com o futuro promissor que se projetava para Sergipe. Surgiria daí a mecessodade de que a Capital tivesse o mesmo grau de modernidade desse futuro almejado para a Província.

Temia que cedo ou tarde São Crsitovão chegasse à situação de Santo Amaro que declinava economicamente, perdendo posição sócio-política para Maruim. Laranjeiras, que ascendia economicamente, sendo uma forte candidata a sediar a capital, não atendia ao projeto do grupo modernizador, por apresentar um perfil urbanístico mais próximo da cidade colonial.

Nas praias do Aracaju, surgiria uma nova capital, onde um novo perfil urbanístico, novos traçados modernistas que diferenciariam das tradicionais cidades coloniais. Ruas retas, sem ladeiras e todo um traçado estariam presentes na nova capital como assim projetava esse grupo da elite sergipana na época.

A existência de pântanos, lagoas, dunas, não impederia o projeto de modernização que se formava. Sabia-se que a ação organziada dominaria as dificuldades naturais e os problemas seriam logo consumados pela necessidade de erguer uma nova capital que atenderia as exigências desse futuro progresso que a Província alcançaria.

Isso que aconteceu em Sergipe, não estava fora do contexto. Desde a década de 1850, no Brasil é possível detectar o início de um processo de modernização no bojo do qual estão a ferrovia, a implantação de máquinas, urbanização.

Percebo que a revisão de outras fontes procurará a responder inúmeras interrogações que ainda fazemos.

"Ave branca que voa dos pântanos para o azul... ": imagens, crenças e melhorias materiais na cidade de Aracaju -Se ( 1910 A 1930).

"Venceu afinal. Foram surgindo devagar o casario baixo, as casitas de palhas, as edificações primitivas, o arcabouço da urbs garrida e progressista que é a de hoje - influenciadas pela construção moderna, arborizada, ajardinada, calma e bem dirigida. Como ave branca que voa dos pântanos para o azul, Aracaju - a cidade inviável - a involver dentro de água estagnada, da terra inundada, desvincilhou-se rápida das faixas das primeiras idades para aparecer radiosa flor do progresso, bela na retidão de suas rosas, nos esplendores de seus panoramas... "

(O Estado de Sergipe, aracaju, 17 de março de 1918, ano VII, n. 35.)

O discurso modernizador tomou impulso a partir do momento em que as primeiras novidades materiais se concretizaram demonstrando a determinados segmentos da sociedade a viabilidade de se transformar Aracaju numa cidade moderna. Foi nas primeiras décadas deste século que as inovações urbanísticas foram aparecendo, destacando-se entre elas: o bonde de tração animal (a partir de 1901), a água encanada, a criação de empresa de carris urbanos (em 1908) e o cinema que começou em 1909. Tais melhoramentos provocaram, no decorrer das décadas de 10 e 20 deste século, o surgimento de um maior número de equipamentos e serviços urbanos.

A instalação da energia elétrica constituiu o primeiro equipamento urbano a constribuir para a nova feição da capital. Logo depois vieram os serviços de esgotos, aterros e drenagens de lagoas e pântanos, medidas de higienização e calçmento. Estas medidas começaram com a revisão de escoamento superficial, problema constante desde a origem da cidade; levantou-se o nível de vastas extensões alagadas; calçaram-se as primeiras ruas e instalou-se a viação urbana.

Os serviços de higienização tornaram-se outros equipamentos de modernização da década de 1920. Foram instalados institutos científicos como o Instituto de química e o "Pareira Horta" (Instituto criado para tratamento ante-rábico e bacteriológico) com a importação de tecidos, profissionais ligados ao serviço de exame da água, além de terem sido feitos serviços de profilaxia e drenagem e intensivas visitas às habitações e os lugares que poderiam servir de focos transmissores de doenças.

O de 1910, por exemplo, demonstrava preocupação com o estabelecimento de normas higiênicas, segurança e embelezamento. Essa tendência ia se processando também em outras leis e decretos estaduais.Um desses documentos que demonstra a preocupação com os aspectos da cidade é a lei estadual n. 697 que concede, "pelo prazo de cinco anos, a redução de 50% do imposto predial aos prédios que satisfizessem os preceitos urbanos... ".

Os códigos de Posturas procuravam estabelecer um certo conceito de beleza para a cidade, impondo mais rigor nas construções das casas. Ruas tortas, casas de palhas e taipa, calçamento irregulares, inquietavam os apologistas de um futuro melhor para a cidade.

"Venceu afinal. Foram surgindo devagar o casario baixo, as casitas de palhas, as edificações primitivas, o arcabouço da urbs garrida e progressista que é a de hoje - influenciada pela construção moderna, arborizada, ajardinada, calcada e bem dirigida. Como ave branca que voa para os pântanos para o azul, Aracaju - a cidade inviável - a envolver dentro de água estagnada, da terra inundada, desvincilhou rápida das faixas das primeiras idades para aparecer radiosa flor do progresso, bela na retidão de suas ruas, nos explendores de seus pântanos..." ( O Estado de Sergipe, Aracaju, 17 de março de 1918, ano VII, n. 35).

O "Correio de Aracaju", por sua vez, em 1920, num artigo denominado "A Capital de Sergipe" falava com mais apologia sobre essa "nova fase". Imprimiu característica de "obra colossal" aos empreendimentos materiais ocorridos até então na capital sergipana, diante dos poucos recursos de que dispunham os cofres públicos.

"Traçando-se, como se traçava s. ex. o programa de redemodelar a capial, aformosando-a e higienizando-a tanto quanto possível dentro dos recursos do Estado, s. ex. com esses sós recursos tem já empreendido e executados uma obra colossal, que aí está patente aos olhos pasmos e jubilosos dos sergipanos. A modéstia relativa dessa obra se a quissermos comparar com as que realizaram Haussmann, em Paris, Lauro Muller, Pereira Passos e Paulo Fortim, no Rio - o que é impossível - transformasse, todavia, em grande admirável quando a consideramos em face dos diminutos recursos com que v. ex. o dr. Pereira Lobo a empreendeu e a realizaou. (Correio de Aracaju, Aracaju, 25 de setembro de 1920, n. 2.292).

Como foi visto acima, as décadas de 1910 a 1930 práticas e idéias "inventaram" uma nova fisionomia para Aracaju. Esta não era mais a mesma de décadas anteriores. Sua imagem aparecia como a de um pássaro branco que renascia do caos e erguia-se para o vôo em busca do seu habitar "natural", o céu azul.

A essa ave é lhe dado o destino de voar sem cessar numa eterna conquista pela sua liberdade. Impedir seu vôo era ir contra a "natureza" das coisas estabelecidas.

Assim, a idéia era a de que Aracaju tinha conseguido finalmente trilhar o seu 'verdadeiro" caminho. Para a capital sergipana restava somente atingir cada vez mais o progresso.

É interessante perceber a construção da imagem de Aracaju como a de um pássaro branco em busca do céu azul. O propósito era vincular a fisionomia da cidade a de um ser que ressuscitava das cinzas, como a fênix, (ave da mitologia grega). Desta forma, a cidade sede admistrativa de Sergipe, começava a se libertar de algo que lhe aprisionava, a situação de precariedade em que vivia no passado.

O termo "passado" não é construido para designar uma época fausta da capital sergipana. Usou-se a memória do passado como um tempo de "atraso", de "prisão". O que aconteceu antes, no século XIX, servia somente de lição para repensar o presente e suscitar o desejo de lutar por dias cada vez melhores.

Assim, a perspectiva é a de se perceber somente o "novo" ou seja, o futuro, a modernidade. O termo " céu azul" é um recurso de linguagem que traduzia a existência na crença no progresso da capital sergipana.

A invenção dessa imagem do pássaro branco associada a cidade de Aracaju, entre outras formas de imagens, deve ser entendida no conjunto das sensibilidades presentes no cotidiano da sociedade aracajuana das décadas de 1910 a 1930. Havia um clima de esfervessência cultural onde a "fala" dos artistas e intelectuais misturava-se com os "discursos" de higienistas, médicos, governantes,etc.

Em fim, existia um "espírito" no "ar" de crenças num novo mundo que estava a se gestar. Acreditava-se que Aracaju fazia parte do Brasil republicano e da idéia de nação construida pelos positivistas, conforme o lema ordem e progresso.

O Centro Histórico

Embora a cidade de Aracaju, tenha sido planejada no que diz respeito ao traçado das ruas, a ocupação do espaço, entretanto, processa-se de tal forma espontânea. As edificações e as ruas vão pontuando o quadrado de Pirro num sentido pararelo ao rio Sergipe. O desenvolvimento dar-se em função do rio e do porto porque estes, além de proporcionar condições agradáveis ao meio ambiente, também "atraíam as atividades ( transporte fluvial e marítimo) da cidade nascente, forçando o crescimento linear" (Fontes 1955:29). Dessa forma, em função do porto, a parte mais ativa da cidade localizava-se em ponto excêntrico do plano.

Um texto do memoralista Sebrão Sobrinho vem reforçar essa suposição do crescimento espontâneo da cidade, ao evidenciar que em 1857 o espaço público da praça Fausto Cardoso não está ainda bem defenido, nem se tem pensado previamente numa sede permanente do Palácio do Governo.

O historiador Fernando Porto, manifestando-se sobre essa hipótese da ocupação casual, escreve:

"...os edifçios das repartições administrativas, as igreja e o hospital foram levantadas muito livremente ao arbítrio de seus construtores e das circunstâncias do momento, não nos tendo nenhuma demosntração de que sua posição obdeceu a um plano prévio. A concentração dos principais edifícios nas três praças Fausto Cardoso, Guilherme Campos e Olímpio Campos, que se sucedem uma trás outra (...) resultou antes do acaso que de uma idéia preconcebida, supomos também que não havia avenidas no plano..." ( Porto 1945:39)

Na verdade, a preocupação básica do plano é com o traçado e alinhamento das ruas, sem voltar-se para a subsequente ocupação do espaço designado. Numa sociedade emergente que já adota os princípios de capitalismo internacional, compete ao Estado a função de agente no processo de organização espacial da cidade. Nesse aspecto, é relevante a determinação de retalhar o território urbano.

"O alinhamento ganhará papel crucial ao longo do século. A medida que avança o capitalismo, cresce o valor de troca da terra, aumentam os atritos e as questões de limites entre vizinhos, entre o espaço privado e o espaço público, ambos se redefinindo e precisando nos termos atuais ( Marx, 1989:145).

Assim, essa sucessão casual das praças Fausto Cardoso, Almirante Barroso e Olympio Campos constitui parte do centro urbano da cidade. É justamente esse conjunto das três praças que denominamos centro histórico, porque representa a tradição arquitetônica e cultural da cidade. É, também, o centro urbano,porque nele se concentram "funções múltiplas" e "aglutinantes", constituindo-se assim uma área de círculo comunitário, ao se dar mais intensidade os contatos humanos e o intercâmbio cultural. É justo

"Es en cento, donde coincide com los atributos funcionales de los edificios, la mayor carga de componentes simbólicos: los códigos arquitectónicos alcanzan aqui su mayor valor semántico, su máxima carga connotativa" (Sagre, 1961: 119)

Por ser o centro uma área polifuncional, nele se aglitinam instituição de grande significação para a sociedade. No caso em questão, o centro urbano de Aracaju coincide com o centro do poder político-adminsitrativo-religioso. A instância política está bem guarnecida pelos três poderes: legislativo, judiciário e o Executivo ( Palácio do Governo e Intendência/Palácio Municipal), havendo, por isso, quem considere o local como a "Praça dos Três Poderes". O poder religioso esta representado pela Igreja Catedral. Quanto a parte adminsitrativa, encontramos os prédios da Delegacia Fiscal e Correios.

Segundo Segre, o ajuntamento dessas instituições no centro urbano mostra a coesão da classe dominante (1981:124). Essa elite dominante está representada nas estátuas, monumentos, motivos alegóricos, mobiliário urbano, através de um sistema de signos que coincide com os valores europeizados ( Segre, 1981: 123/136)

Se essas instituições representam a cultura burguesa "os espaços livres atuam com articulações que equilibram a presença símbolo-formal com a participação social, ou seja, o uso comunitário do centro". (Segre, 1981: 132 ). Para tanto, desenvolvem nas praças as funcões de lazer e civismo, nelas acontecendo as festas populares ( Ano Novo, Natal, Bom Jesus dos Navegantes, etc), as retretas nos coretos, os desfiles militares e posses de governo que proporcionam um cero grau de participação popular.

Dessa forma, o centro histórico de Aracaju, mesmo reunindo espontaneamente todas essa instituições e elementos urbanos, não deixa de proporcionar um belo e harmônico conjunto urbanístico.


Referências: